21 de maio de 2009

Gozo VI

Para me despedir por esta noite, deixo-vos este poema de uma das mais exuberantes e extraordinárias escritoras e poetisas do nosso tempo, que desenha erotismo transformado em letras:

São de bronzeos
palácios do teu sangue

de cristal absorto
encimesmado

São de esperma
os rubis que tens no corpo
a crescerem-te no ventre
ao acaso

São de vento – são de vidro
são de vinho
os liquidos silencios dos teus olhos

as rutilas esmeraldas que
sózinhas
ferem de verde aquilo que tu escolhes ~

São cintilantes grutas
que germinam
na obscura teia dos teus lábios

o hálito das mãos
a língua – as veias

São de brandas catedrais
que desnorteiam

(São de cupulas crisálidas
são de areia)

na minha vulva
o gosto dos teus espasmos

Maria Teresa Horta

0 comentários: